• Série Dicas do Expert: Moldagem de Precisão Parte 1

    junho 10, 2019

    A importância da moldagem de precisão

    Autor: Prof. Paulo Rocha

    Série Dicas do Expert: Moldagem de Precisão Parte 1

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      Prof. Dr. Paulo Rocha
      Doutor e Mestre em Odontologia pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (USP – Bauru)
      Especialista em DTM Dor Orofacial, Prótese Dentária e Implantodontia
      Professor Associado II do Departamento de Clínica Integrada e Propedêutica da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
      Coordenador do Curso de Especialização em Prótese Dentária e Implantodontia da Associação Brasileira de Odontologia – Bahia


      • Ainda que estejamos vivendo um momento de verdadeira revolução da era digital, dos escaneamentos e da obtenção de modelos virtuais, as moldagens e os modelos sólidos ainda estão indicados para casos de reabilitações orais, notadamente enquanto não obtivermos a mesma precisão dos moldes com silicones e dos modelos de gesso. Ainda estamos distantes para dominar a impressão dos modelos com a precisão que se necessita na fase laboratorial (Figura 1).

         

        Figura 1 – Moldagem digital, uma nova perspectiva que ainda carece de muitos ajustes, notadamente impressão dos modelos.

         

        A moldagem convencional, portanto é o conjunto de procedimentos clínicos voltados para a reprodução negativa dos dentes preparados e estruturas adjacentes, através de materiais e técnicas adequadas. Com a cura do material e remoção do conjunto: moldeira e material de moldagem da boca, obtém-se o molde que é vazado em gesso para a aquisição da imagem positiva ou modelo de trabalho.

        O resultado final de uma reabilitação protética depende da acuidade com a qual o profissional conduz as diferentes etapas, desde o diagnóstico, planejamento até o ato de cimentação. A moldagem se sobressai pelo seu valor estratégico. Ela representa a transposição da situação clínica para o laboratório, na forma de modelos articulados. Se essa transposição não corresponder em fidelidade dimensional com precisão ao que acontece em boca, torna-se impraticável uma fase laboratorial segura.

        A boa qualidade dos materiais de moldagem e dos gessos possibilitam a obtenção de modelos PRECISOS, possibilitando a realização de trabalhos com maior exatidão. Os primeiros materiais de moldagem com grande aceitação no mercado foram os elastômeros, dentre eles, as mercaptanas que têm seus primeiros relatos apresentados na década de 1950. Ainda nessa época, surgiram os silicones de condensação, e somente 10 anos depois apareceram os materiais de borracha à base de poliéter. Neste período surge também os silicones por adição, que tinham grande capacidade de reprodução de detalhes e estabilidade, por não apresentarem subprodutos durante a reação de vulcanização. Além disso, um aspecto muito importante, a obtenção de mais de um modelo a partir de um molde. Atualmente, é consenso que a moldagem de alta precisão, em muitos casos, continua sendo melhor obtida com os silicones por adição.

        Uma moldagem correta deve ter o registro exato de todos os aspectos do dente preparado, além das estruturas circundantes não preparadas, adjacentes às margens localizadas no plano cervical, copiar os tecidos periodontais e peri-implantares, para permitir a delimitação do término do preparo com exatidão e confecção da futura restauração com contornos adequados.

        Quando as margens do preparo estão a nível gengival ou sub gengival, faz-se necessário o distanciamento desses tecidos, para permitir o acesso e promover a espessura adequada de material de impressão. Esse procedimento pode exigir o alargamento do sulco gengival por meios mecânicos, químicos, mecânico-químicos ou cirúrgicos e deve ser feito sem comprometer a saúde periodontal. A manipulação inadequada pode provocar lesão permanente nos tecidos moles e consequente possível retração gengival.

        Os dentes e tecidos moles circunjacentes aos preparos devem ser reproduzidos na moldagem. Isso permite uma boa articulação dos modelos e contribuem para um contorno adequado da prótese planejada. A impressão deve estar sem bolhas, rasgos, manchas e outras imperfeições que possam produzir defeitos (Figura 2).

         

        Figura 2 – Molde com silicone por adição

        Pré-Requisitos

        Além do material adequado e do domínio da técnica, temos três requisitos básicos: a-preparo dental com extensão adequada dentro do sulco gengival; b- saúde do tecido periodontal e c- afastamento tecidual com nitidez do término cervical.

        O preparo dental deve estar polido, com perfeito acabamento e ângulos arredondados, para permitir a visualização do seu contorno e adaptação correta das provisórias. A extensão sub gengival do preparo deve respeitar as distâncias biológicas para preservar a saúde periodontal (Figura 3). A inflamação gengival com sangramento e exsudato inflamatório impede a obtenção de moldes precisos, o que resulta em dificuldades técnicas para a obtenção de um molde preciso.

        O afastamento do tecido gengival é necessário para expor a região cervical do dente preparado e permitir a cópia fiel dessa região. O término cervical deve ser liso, polido e bem definido, para que possa ser copiado em seus detalhes durante a moldagem. Términos irregulares dificultam a impressão com precisão e resultam em falhas na execução da restauração.

        Após o preparo dos dentes e instalação das provisórias, a saúde dos tecidos moles circunjacentes deve ser reavaliada, e somente após o restabelecimento da saúde gengival, a moldagem pode ser realizada (Figura 3).

        • A

        • B

        Figura 3 – Preparo adequado, com ângulos arredondados, polimento e perfeito acabamento
        A- Preparo convencional para coroa total;
        B- Preparo minimamente invasivo para laminado cerâmico.


    Espero que tenham gostado. Aguardem nossa próxima edição!

    • Claudia Almeida – Relações Educacionais e Científicas 3M Oral Care