• Xerostomia

    junho 12, 2019

    Xerostomia

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      Dr. Eduardo Fregnani
      Graduado em Odontologia e Mestre em Estomatopatologia pela UNICAMP e Doutorado em Ciências Médicas pelo AC Camargo Câncer Center. É especialista em Endodontia. Atualmente, coordena o Serviço de Medicina Bucal - Odontologia do Hospital Sírio-Libanês e é orientador permanente do programa Ciências da Saúde no Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP-HSL), com pesquisas focadas no suporte ao paciente oncológico e nas complicações odontológicas do tratamento oncológico.


    • A sensação de boca ressecada é descrita como xerostomia, na maioria dos casos associada à redução do fluxo salivar, que como consequência poder-se-á comprometer funções básica como fala, mastigação e deglutição, bem como comprometimento na condição da saúde oral, impactando negativamente na qualidade de vida do paciente. Dentre as causas mais comuns da hipossalivação, pode-se destacar o uso crônico de alguns grupos de medicamentos (tais como antidepressivos, anti-hipertensivos, antiinflamatórios não esteroidais, polivitamínicos, hipoglicemiantes, anticoagulantes, anticoagulantes e inalante com esteroides), pacientes com Síndrome de Sjögren e em casos de pacientes oncológicos, este efeito adverso pode ser transitório, durante a quimioterapia e radioterapia de cabeça e pescoço, ou permanente, após radioterapia de cabeça e pescoço com envolvimento em dos maiores que 30Gy em glândulas salivares e paciente do transplante de células tronco hematopoiéticas que desenvolvem DECH (Doença do Enxerto contra o Hospedeiro).

      Considera-se um fluxo salivar normal quando se obtém 0,3-0,4 ml/min ou 1,5-2,0ml/min de saliva não estimulada e estimulada , respectivamente, sendo considerado quadro de hipossalivação quando o fluxo salivar fica menor que 0,1ml/min e 0,7 ml/min para exame realizado em repouso ou sob estímulo, respectivamente.

      A prevalência da xerostomia apresenta uma ampla variação na literatura (5,5% a 46% paciente em geral e 70,9% a 90,9% em paciente de cabeça e pescoço submetidos à RT, possivelmente devido aos desenhos dos estudos envolverem diferentes grupos, com patologias de base diferentes e em faixas etária que encontram-se com diferentes condições clínicas, já que idosos e com doenças crônicas ou até mesmo após um tratamento oncológico apresentam-se grupos com uma maior prevalência.

      A xerostomia associada à hipossalivação pode resultar em alterações orais importantes, como redução na capacidade tampão da saliva, tornando o paciente mais propício ao desenvolvimento de cáries, dificuldade de formação do bolo alimentar, alteração do paladar, maior suscetibilidade à infeções orais, como por exemplo a candidose, halitose e sensação de ardência bucal.

      Com o objetivo de minimizar o risco de desenvolvimento de cárie em pacientes com hipossalivação, alguns estudos reportam que o uso de cremes dentais com alta concentração de flúor vem trazer benefícios importantes para este grupo de pacientes de risco. Uma recente revisão sistemática de 2018 (Chaudhary et al) afirma que o uso de dentifrícios com 5.000ppm de flúor apresenta um aumento significativo na remineralização, através do aumento da concentração de flúor na saliva, com consequente retenção deste flúor na placa. Esta cinética, reduz de forma importante o risco de cárie e prevenido a perda de minerais no tecido dentário.

      O grupo de pesquisa liderado por Ekstrand vem publicando na última década diversos trabalhos mostrando os benefícios do uso de dentifrícios com alta concentração de flúor na prevenção de cárie. Em um ensaio clínico randomizado desenvolvido pelo seu grupo em 2013, mostra que em idosos com alguma deficiência físicas e/ou motora que assistidos por cuidadores no regime de homecare que usavam pasta de dente com 5.000ppm de Flúor apresentaram um número significantemente menor de lesões cariosas.

      Outros estudos bem delineados como os Ekstand et al (2013); Mannaa et al (2014) e Nordstrom et al (2013) reafirmam a importância do uso de cremes dentais com altas concentrações de flúor na redução da susceptibilidade ao desenvolvimento de cáries em paciente que pertencem à grupos de risco à este evento. Resultados estes que são aplicados em pacientes com quadro de xerostomia associado à hipossalivação que se beneficiam com a redução da formação de placa, aumento da concentração de flúor no biofilme bacteriano, reduz o processo de desmineralização, aumento da capacidade tampão da saliva, redução da colonização por s. mutans e como consequência redução das lesões cariosas e melhoria da qualidade de vida destes pacientes.

      Referências:

      Jensen SB, Pedersen AM, Vissink A, Andersen E, Brown CG, Davies AN, Dutilh J, Fulton JS, Jankovic L, Lopes NN, Mello AL, Muniz LV, Murdoch-Kinch CA, Nair RG, Napeñas JJ, Nogueira-Rodrigues A, Saunders D, Stirling B, von Bültzingslöwen I, Weikel DS, Elting LS, Spijkervet FK, Brennan MT; Salivary Gland Hypofunction/Xerostomia Section; Oral Care Study Group; Multinational Association of Supportive Care in Cancer ASCC)/International Society of Oral Oncology (ISOO). A systematic review of salivary gland hypofunction and xerostomia induced by cancer therapies: management strategies and economic impact. Support Care Cancer. 2010 Aug;18(8):1061-79. doi: 10.1007/s00520-010-0837-6. Epub 2010 Mar 25. Review. PubMed PMID: 20333412.

      Jensen SB, Pedersen AM, Vissink A, Andersen E, Brown CG, Davies AN, Dutilh J, Fulton JS, Jankovic L, Lopes NN, Mello AL, Muniz LV, Murdoch-Kinch CA, Nair RG, Napeñas JJ, Nogueira-Rodrigues A, Saunders D, Stirling B, von Bültzingslöwen I, Weikel DS, Elting LS, Spijkervet FK, Brennan MT; Salivary Gland Hypofunction/Xerostomia Section, Oral Care Study Group, Multinational Association of Supportive Care in Cancer (MASCC)/International Society of Oral Oncology (ISOO). A systematic review of salivary gland hypofunction and xerostomia induced by cancer therapies: prevalence, severity and impact on quality of life. Support Care Cancer. 2010 Aug;18(8):1039-60. doi: 10.1007/s00520-010-0827-8. Epub 2010 Mar 17. Review. PubMed PMID: 20237805.

      Villa A, Connell CL, Abati S. Diagnosis and management of xerostomia and hyposalivation. Ther Clin Risk Manag. 2014 Dec 22;11:45-51. doi: 10.2147/TCRM.S76282. eCollection 2015. Review. PubMed PMID: 25653532; PubMed Central PMCID: PMC4278738.

      Ekstrand KR, Poulsen JE, Hede B, Twetman S, Qvist V, Ellwood RP. A randomized clinical trial of the anti-caries efficacy of 5,000 compared to 1,450 ppm fluoridated toothpaste on root caries lesions in elderly disabled nursing home residents. Caries Res. 2013;47(5):391-8. doi: 10.1159/000348581. Epub 2013 Apr 9. PubMed PMID: 23594784.

      Chaudhary D, Patthi B, Singla A, Gupta R, Muchhal M, Kumar JK, Prasad M, Dhama K. The anticriogenic Efficacy of 5000 ppm Fluoridated Toothpaste: a Systemtic Review. Journal of Clinical and Diagnostic Research. 2018; 12 (1): ZE04-ZE10.

      Nordstrom A, Birkhed D. Effect of a third application of toothpastes (1450 and 5000 ppm F) including a ‘massage’ method on fluoride retention and pH drop in plaque. Acta Odontol Scand. 2013;71:50-56.

      Mannaa A, Campus G, Carlen A, Lingstrom P: Caries-risk profile variations [30] after short-termuse of 5000 ppm fluoride toothpaste. Acta Odontol Scand. 2014(a);72:228-34.

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    Espero que tenham gostado. Aguardem nossa próxima edição!

    • Gilian Kuster – Relações Educacionais e Científicas 3M Oral Care